eleições 2018

Para alunos da Escola Margarida Lopes, candidatos oferecem poucas propostas

Pâmela Rubin Matge


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Discutir política dentro da sala de aula é uma realidade na Escola Estadual Margarida Lopes. E alunos e professores não se referem à política partidária, que por lá anda desacreditada, mas, em agir politicamente. Pudera. Décadas atrás, a instituição transitou de grêmios estudantis atuantes até a dura decisão de sua extinção. Em 2011, a equipe gestora até reativou os grêmios nas eleições para diretoria. Em 2014, com pouca participação dos alunos, acabou novamente encerrando. Com criação dos conselhos escolares, os alunos acabaram representados na instância máxima de decisões da escola. Em 2015, durante a onda de ocupações escolares, foi a terceira a fechar portões e reivindicar por mais infraestrutura e valorização dos professores.

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- À época das ocupações, ficamos surpresos com a maturidade deles. Ocuparam, mas receberam a imprensa, mantiveram o diálogo. Tem de haver democracia para discutir política. Nossos espaços de debate são nas aulas de história, filosofia e sociologia, mas eles têm liberdade de se expressarem - conta o diretor Jorge Luiz Brandli.

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A escola, que fica no Bairro Camobi, região leste da cidade, atende alunos dos distritos de Pains, Palmas, Arroio Grande e Arroio do Só. São 779 ao total.

- Essa diversidade é uma das características da instituição, que oferece educação básica, Ensino Médio e EJA - comenta o vice-diretor Valmir Beltrame.

Agora, em época de eleições, sobram debates, mas falta estímulo para acreditarem nos candidatos devido ao descrédito na política brasileira. O Diário ouviu 10 alunos entre 16 e 17 anos do segundo ano do Margarida Lopes. Somente três fizeram o título eleitoral. Ao longo de setembro, estudantes das escolas Paulo Lauda, na região oeste da cidade, e Manoel Ribas, Maneco, na área central, também foram ouvidos. O número reflete a pouca adesão desta faixa etária na cidade e no país, pois, segundo a Justiça Eleitoral de Santa Maria, o Coração do Rio Grande conta com 206.116 eleitores, sendo que 785 têm entre 16 e 17 anos - 389 homens e 401 mulheres. Essa parcela representa apenas 0,38% do total de votantes.

- Ainda tenho tempo para fazer título. Tenho medo de ficar com remorso. Votar e eles fazerem coisa errada. Eles são extremistas, são 8 ou 80, nenhum convence no que fala - avalia Giulia Meneghetti, 16 anos.

Cientista política e professora da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Angela Quintanilha Gomes salienta que uma das lacunas da política brasileira, principalmente, em relação aos jovens, é se pensar somente em votos e resultados:

- Esse descrédito dos partidos e instituições representativas repercute na apatia dos mais novos. Os programas têm direcionamento a políticas sociais, não à juventude.

Para os colegas de Giulia, as denúncias de corrupção, falta de clareza e a falta de interlocução dos políticos com os jovens não estimulam a ida às urnas. 

- Não me interessei em nenhum candidato. Não passam de promessas na televisão. O novo Ensino Médio, por exemplo, que é algo que nos interessa, alguns deles defendem, mas é só teoria - diz Laura Farencena, 16 anos.

Também com 16 anos, Marge da Silva fala com muita convicção sobre a importância do voto:

- Não fiz título, mas defendo que votar é pensar na coletividade, não no que é bom para mim. Tem proposta para idosos e crianças. Para jovens, não.

ALGUNS POLÍTICOS QUE ESTUDARAM NA ESCOLA 

  • Vereador Daniel Diniz (PT)
  • Vereador Maneco Badke (DEM)
  • Ex-secretário municipal (já falecido) Ildo Callegari (PT)
  • Ex-secretário adjunto de Justiça do Estado Lauro Wagner Magnago (PT)
  • Ex-deputado e ex-secretário estadual Fabiano Pereira (PSB)

QUEM FOI MARGARIDA LOPES 

  •  Professora Margarida Lopes nasceu em Porto Alegre, mas foi em Santa Maria que iniciou a vida intelectual. Ingressou no magistério em 1906. Foi sempre uma exímia educadora e difusora da cultura, tendo, por isso, seu nome consagrado à instituição homônima. Foi a idealizadora e fundadora do Centro de Cultura Artística, o "Salão Verde", primeiro centro de arte e cultura da cidade. Ela morreu em 1949.

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